EDITORIAL Nº 859 DE 1/2/2024

Caro leitor
Nunca se esqueça - viver em Cristo, morrer é lucro - Filipenses 1:19-26.
O que conta é hoje, o passado simplesmente ajudou para afinar o presente rumo ao futuro. Lembre-se que o amanhã pode não existir, porque a morte o leva embora. Ninguém tem a vida fechada numa mão e, nunca mais voltará. Um dia eu morro e tu também! Nós, nunca apanhamos a mesma água num rio. O tempo, é como o rio, depois, a vida acaba. O tempo passa e as oportunidades vão embora. As crianças crescem e fazem o seu caminho. Arriscamos chegar tarde, perdemos entusiasmo. Temos de entender que, com o tempo, as nossas prioridades mudam e, mesmo assim, deixamos tudo para depois, como se o depois fosse a solução. Geralmente pensamos ou, nem sequer pensamos “Depois te ligo”; “faço isso mais tarde”; “amanhã eu faço”! Deveríamos mudar estes pensamentos para - agora e hoje.
Não podemos deixar para depois, tudo aquilo que deixa de estar na nossa mão. O tempo é o ouro da vida e, só nós podemos decidir como usá-lo.
Quando olhamos para o relógio já chegou a hora de jantar. Quando olhamos para o calendário já acabou o mês e sem dar por isso, outro ano vai começar.
Quando a criança olha para os seus avós e se pergunta: será que chego à idade deles? Quando chegamos à idade deles, olhamos para trás e dizemos: como é possível que os anos tenham passado tão rápido?
Sem que nós nos demos conta, passam e quase sempre adiamos coisas que realmente são importantes na vida, passar o tempo na companhia dos próprios filhos, da família ou dos amigos. Faça como eu, perdoo mesmo aqueles que me fazem ou fizeram mal. Vivo bem a cada dia que Deus me dá. Muitas pessoas, passam os melhores anos da sua vida numa eterna corrida para o sucesso e o dinheiro, acabam sem o pilar fundamental. Que importa o sucesso e o dinheiro?
Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje, porque pode ter a notícia mais ruim da sua vida e pode mesmo nem sequer ter notícia. Estupidez, é fazer a mesma coisa todos os dias e esperar resultados diferentes.
Abraço amigo

SABIA QUE…

Pôde o trabalhador despedir-se
por justa causa?

Várias são as modalidades de cessação do contrato de trabalho, de entre as demais, hoje damos especial destaque para o despedimento para cessação do contrato de trabalho por iniciativa do trabalhador.
Ao abrigo da liberdade de trabalho, constitucionalmente garantida, o trabalhador pode sempre cessar o contrato de trabalho com o empregador, a iniciativa do trabalhador para a eliminação do contrato de trabalho pode ter vários motivos, de entre os quais, a justa causa de resolução que, de uma forma geral, consiste na violação por parte do empregador dos direitos e garantias do trabalhador, sendo a mais comum a falta culposa de pagamento pontual da retribuição.
Porém, para que a falta culposa de pagamento pontual da retribuição seja motivo de justa causa, esta tem de se prolongar por mais de sessenta dias (dois meses) ou ainda que não ocorra este lapso de tempo, mas o empregador declare por escrito que a previsão de pagamento da retribuição ultrapassa o referido prazo.
Ocorrendo esta situação, deve ser elaborada, por escrito, uma comunicação registada com aviso de recepção, dirigida ao empregador, expondo os factos que levaram a que invocasse despedimento por justa causa.
Contrariamente à denuncia do contrato de trabalho por parte do trabalhador, em que, regra geral, não há lugar a qualquer tipo de indeminização, na justa causa de resolução há lugar a pagamento de indemnização, cuja é determinada entre 15 a 45 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade (em caso de fração de ano calcula-se o proporcional) tendo por base a retribuição e ilicitude do empregador, sendo que nunca é inferior a três meses.
O valor da indeminização será superior nas situações em que o trabalhador sofra danos patrimoniais e não patrimoniais de valor mais elevado.
Nos contratos de trabalho a termo, a indeminização não poderá ser inferior ao valor das retribuições vincendas (as correspondentes aos meses que iria receber se estivesse a cumprir o contrato de trabalho).
Todavia, e caso o trabalhador se arrependa desta cessação, e não tendo a sua assinatura na missiva sido reconhecida presencialmente, pode revogar a resolução do contrato no prazo máximo de sete dias a seguir à data em que o aviso de receção e consequentemente a comunicação chegou à posse do empregador.
Para exercer esta resolução deve dirigir também uma comunicação ao empregador, expressando essa intenção de cessar a revogação do contrato, devolvendo ao empregador todas as compensações pecuniárias que lhe haviam sido pagas pela rescisão por justa causa.
Não olvidando que, aquando do pagamento da indeminização, deve também ser tido em conta o crédito de horas de formação não proporcionadas pelo empregador e que o trabalhador tem direito.

ANJOS NA TERRA

Conhecido de D. Francisco Manuel de Melo, contava entre seus bens, a quantidade de amigos que possuía e, tinha razão, porque, quando são leais, sinceros e dedicados, são bens mais valiosos que oiro e prata. São anjos, que Deus nos proporciona para amenizar as agruras da vida.
Infelizmente, anjos bons, são raros, a maioria dos amigos comportam-se como as formigas, que só procuram celeiros cheios, como os de Job; outros, hipócrita, buscam: fama, influencia e glória, como os de Camilo, que tendo “ Cento e dez, tão serviçais”, mas vendo-o doente, pobre e quase cego, diziam: “ - Que vamos lá fazer? Se ele está cego, não nos pode ver!…”
Também eu, durante a minha longa existência tive amigos, companheiros de jornadas, que Deus, na Sua infinita bondade, colocou-os no meu caminho, a quem lhes devo o que fui e o que sou.
Muitos perdi-os no correr dos anos, ceifados pela impiedosa Morte, mas ficaram, para sempre, gravados no filme da memória, com gratidão e saudade.
Entre eles, destaco o Silvério, que me abriu as portas, que muito necessitava, não por amizade, porque mal me conhecia, mas pelo bondoso coração, que tudo fazia para ajudar quem muito precisava.
Deparei, também, na estrada da vida, muita ingratidão, falácias e cambalachos, e ainda quem utilizando a política (que devia servir para o bem de todos,) me prejudicou no termo da carreira profissional; e tudo porque não sou, não era, nem quero ser – porque abomino opinião de cabresto, nem penso por cabeça alheia – militante de partido político…
Porém Deus sempre me amparou, como Pai que cuida dos filhos, não que fosse ou seja merecedor, que não sou, mas creio, como supunha Jean Guitton: a Misericórdia divina é superior à Sua Justiça.
Jesus sempre me enviou e certamente enviará, nos momentos angustiosos, anjos da guarda, que permanecem presentes nas horas de amargura.
Foram e são mãos humanas, guiadas pela Mão de Deus, que consolam, apoiam e abraçam.
Seria justo citá-los, mas muitos já não se encontram entre nós, e os mortos não têm vaidade; os que restam, certamente, não gostariam de se verem em letras de forma.
Decerto, o leitor, também deparou e deparará, ao longo da vida, “ anjos”, que o acolheram e o protegeram. Se atribuiu, alguma vez, o auxílio à sorte ou acaso, está redondamente enganado, foi certamente, a Mão de Deus que fez a mão dos homens agir.
Não foi sem razão, que o conhecido do nosso clássico, incluía no rol dos bens, os amigos fiéis e dedicados.
Porém não é fácil topar, no percurso da nossa peregrinação terrena – “anjos”.
Os que nos abordam, em geral, não são “anjos” da Luz, mas das trevas. Buscam interesses e o vil metal, que tudo compra e tudo corrompe.
Já o ilustre Rei Salomão, dizia: “ As riquezas granjeiam muitos amigos; mas os pobres, o seu único amigo, a deixa.” - Pv.19:4
Infelizmente era assim, e continua assim, e para nosso mal, continuará assim…

Abrunhosa-A-Velha dos Anos 50


Até à década de 50 do século passado, Abrunhosa-A-Velha era uma Terra densamente povoada. Aos Domingos havia bailes em todos os Largos, ao som do Realejo. Nas cálidas noites de Verão, as Ruas enchiam-se de Pessoas sentadas à Porta de Casa em amena cavaqueira, sempre acompanhada do bom Tinto que aqui era produzido. As Tabernas estavam cheias de Homens, jogando cartas ou dominó e, na Rua jogavam a malha. No velho Campo da Portela, onde hoje é o Bar e Parque de estacionamento, disputavam-se grandes jogos de Futebol, apesar das péssimas e reduzidas condições do retângulo. A partir dessa altura, começou a debandada à procura de melhores condições de vida. Primeiro para o Brasil, seguindo as pégadas de Pedro Álvares Cabral, onde muitos se instalaram, criaram os seus negócios e fizeram vida. Depois na década de 60, foi a saga para França (muitos a salto, com todos os riscos que isso comportava)e Alemanha, onde ainda parte deles se encontram, outros já partiram e alguns regressaram já aposentados. Hoje recordo, as gentes que residiam na Rua onde passei a minha Meninice em casa de meus Avós Belmiro e Isabel (Rua da Baltareira). Na primeira casa em frente ao Largo, vivíamos Eu e meus Avós, depois a Tia Ricardina, Tia Ana, Tia Patrocínia e Ermelinda, Ti Zé Magina Tia Gracinda e os filhos Ália, Zeca, Isabel, Manuela e Ana Maria, o Ti António Pais ( Pardal) e Tia Bárbara, O Ti António Pais, Tia Beatriz e os filhos, Fernanda, José e António, a Tia Maria da Laura e os filhos Fernando e Deolinda, o Ti João Cunha ( Forneiro) Tia Amélia e filha Fernanda e o Ti Artur Catrino  e mulher Tia Ana. Do outro lado, o Ti Agostinho e Tia Aninhas, Ti Alfredo,Ti Zé Naaita e Tia Delmira, Ti João (Gaio), Tia Ana e filhos Manuel ,Cecilia, Joaquim e António, Ti José Cunha ( Forneiro) Tia Beatriz e filhos António, Fernanda, Zé Taputa, Luzita ( de bata branca na Farmácia) e Tia Teresa, Ti Joaquim Mineiro, Tia Maria e filhos, António. Maria e Isaque,Ti Daniel, Tia Lurdes e filhos Óscar e Fernando, Ti Eduardo ( Peras), Tia Laura e filhos Helena, Zé Luís, Eugénio e Fernanda e na esquina a Tia Amélia Catrina. Hoje nessa Rua Moram uma dúzia de pessoas.É assim!…As Aldeias estão despovoadas para nossa tristeza. Restam-nos as saudades desses Tempos, em que os parcos haveres materiais, eram compensados  pelos valores da amizade, companheirismo e espirito de entreajuda, tínhamos pouco, mas éramos felizes. Por hoje ficamos por aqui!…Um bom resto de Dia… Sejam felizes…

IMAGINANDO

PARTE 140
Os Essénios – Parte 6 
Foi a Fraternidade Essénia, que sempre deu proteção ao Mestre Jesus. Todos  sabiam que desceu em Urantia (Terra), mas só esta minoria tinha conhecimento onde se encontrava.
A quando da descida ao Planeta e ainda no ventre de Mãe Maria, já tinha a  proteção dos Anciãos. 
Eles esperavam a encarnação do Criador deste Universo como criatura, para cumprir sua missão e não um Messias rei de Israel.
 
Embora Mestre Jesus se assim quisesse, consagrasse todo o Poder Divino, prescindiu desse mesmo Poder para se dedicar à Sua Missão.
Um pequeno parágrafo:
Recordemos que nesta Sua missão, Ele incorporou o Ser Crístico em Maitreya.
Para percebermos melhor, o Mestre era um canalizador de Maitreya, que representava a hierarquia dos Mestres Ascensionados.
Por isso se chamava “Jesus” o “Cristo”.
Prosseguindo, os Setenta Anciãos sabiam desta sua Missão e também da perseguição do Rei Herodes, por isso o mantiveram no mais profundo sigilo.
Na Sua juventude reunia-se com este restrito grupo. Para que não soubessem do seu paradeiro, ficou acordado que o Menino a maior parte do tempo ficaria no Santuário e durante o seu aprendizado com Mãe Maria, sendo que José, seu Pai, faria a vida normal, tomando conta da oficina e tratando dos outros irmãos do Mestre.
Quando regressava temporariamente a casa, brincava com seu Primo João “O Batista”.
Este cognome foi-lhe atribuído, por ter dirigido o batismo a muitos Judeus, dando-lhes oportunidade de se purificarem e prepararem para a chegada do Messias.
João, é um Ser Siriano.
Após a reunião em Sírius, João desceu ao Planeta integrado na comunidade Essénia, tendo como Missão, precursor (anunciador) do Verbo Divino.
 
Regressando à missão do Mestre, existem duas versões:
Uma delas, e segundo o Professor Laércio da Fonseca, os homens que mais tarde viriam a ser seus profetas (sendo que alguns ainda o acompanharam como Apolónio de Tiana), viviam numa Samsara (roda de encarnações) e tinham dificuldade em se libertar dessa mesma Roda. Foi então que o Mestre desceu para os resgatar.

A outra versão, foi haver uma Ordem Superior para destruição total do Planeta, devido ao desregramento e perversidade contraída pela humanidade. Foi então que Michael de Nebadon, Criador do nosso Universo Local, se comprometeu perante as Hostes Celestiais descer ao plano terreno como criatura, encarnado em Mestre Jesus, resgatar  e salvar a Humanidade.

Continua

O RESPEITO

Com desejos de quimeras, assim cresci e aprendi a ouvir, a conhecer e a sentir a palavra “respeito”. Mas longe já vai a caminhada, e vários são os trilhos na terra batida em que esta impactante palavra se vai perdendo na sua longa travessia, ecoando por montes vales e serranias, por cidades, vilas e aldeias levada por ventos e ventanias de uma nova e modema sociedade, arrastada por chuvas e tempestades.
Entre dias de penumbra e claridade, pela noite e pelo dia, pelas ilusões e desilusões esta palavra de uma intensidade marcante se vai esvaindo.
O respeito começa pela forma de vida, como nós comunicamos com os outros. Para haver uma boa convivência precisamos de respeitar o próximo, suas ideias e opiniões, jeitos e gostos. Ter respeito consideração por cada pessoa. Na minha velha e clara idade, por cortesia os meus sentidos me levam a escutar atentamente sem interromper ou menosprezar as opiniões alheias. O respeito também se estende ao meio ambiente e a todas as formas de vida, com as quais compartilhamos o nosso planeta.
Num alvorar de sonho e de segredo, o respeito é a base de tudo o que nos impede de sermos ofensivos ou insultuosos. É ele que nos ensina a compreender as diferenças e saber conviver com elas, é o preceito fundamental para a vida em comunidade, é a base de qualquer relação saudável. E para cobrar respeito, é preciso primeiramente ser respeitoso.
É sublime e final revelação estar atento ás nossas próprias atitudes.
A base da vida não é o amor, mas o respeito, porque só existe amor onde predomina o respeito.
Por sensações e emoções nada existe na vida de cada um, sem que exista respeito por nós mesmos.
Por sonhos e pensamentos não existe liberdade sem que haja respeito. Mas ele nasce do berço e cresce na vida.
Cavalgando montes, encostas e fragas, penetrando corações confusos, também o desrespeito que se alastra na nossa sociedade é como um sentimento de arrogância, má educação, agir sem consideração pela outra pessoa, descortesia, são almas afligidas que têm nas asas máculas de lôdo.
Lembro a minha infância , lúcida e serena em que o “respeito “ era ínquestionável , sólido e suporte das famílias.
Na nossa sociedade globalizada se vão banalizando comportamentos e desejos.
Embrulhada no celofane de avanços e progressos, valores morais como o respeito são enxotados para ceder lugar a outros que compram coisa materiais. A ambição reina.
O respeito é um valor em decadência moral mas toda a gente o exalta sublima e grita:
“RESPECT”

CONSULTÓRIO

A BOA ALIMENTAÇÃO FAZ OS BONS DENTES!
O Natal e a Passagem do Ano levam, quase sempre, a excessos alimentares: são os fritos, é o perú, ou o bacalhau, ou o polvo, são os doces e todas as iguarias natalícias e mais o álcool que se ingere nestas ocasiões!
Por isso, está na altura de voltarmos a hábitos alimentares mais racionais para reduzir a “barriguinha”, e, também, para cuidar da saúde dos nossos dentes.
Todos sabemos que a escovagem, duas vezes ao dia, e as visitas regulares ao dentista são indispensáveis para ter bons dentes, mas a alimentação tem, também, um papel muito importante!
Quais são os alimentos mais favoráveis a uma boa higiene buco-dentária? Quais são os pequenos hábitos nocivos? Quais são as falsas ideias?
Para os seus dentes é preferível comer chocolates e não fritos – é verdade, o chocolate, sendo rico em flúor e em fosfatos, participa na prevenção das cáries. Mas deve dar-se a preferência ao chocolate negro com, pelo menos, 70% de cacau.
É preferível mascar uma pastilha elástica sem açúcar a um rebuçado, também sem açúcar – a mastigação é benéfica para os dentes porque acentua a salivação, a qual tem um efeito protector buco-dentário. A saliva limita a desmineralização do esmalte dos dentes e permite uma autolimpeza das superfícies dentárias.
Os rebuçados, mais vale mastigá-los do que chupá-los – o tempo de contacto dos dentes com o açúcar é muito importante. Quanto mais tempo, pior para os dentes. Convém, assim, evitar chupar os rebuçados ou outras guloseimas e ter em atenção que os caramelos e os “nougats” se colam aos dentes.
O ideal, para terminar uma refeição, é dar a primazia ao queijo em vez de se comer uma peça de fruta - o queijo contém cálcio e flúor, elementos que protegem os dentes do ataque dos ácidos. Por isso não se devem comer frutos. Sendo assim, idealmente, é preferível a sequência sobremesa e queijo, à inversa queijo e sobremesa…
As bebidas açucaradas devem ser bebidas por uma palhinha, em vez de o serem pelo copo – beber com palha permite limitar o contacto dos ácidos com os dentes e a erosão do esmalte.
Porque é que é preferível comer o pão durante as refeições em vez de fora delas? – os alimentos ricos em amido (um glúcido), como o pão, levam à formação de ácidos pelas bactérias da placa dentária. Não se deve excluir este alimento, mas evitar o seu consumo fora das refeições.
Ao deitar é preferível beber um copo de água a um copo de leite – o leite contém lactose, que é um glúcido. Ora, todos os alimentos contendo glúcidos são susceptíveis de contribuir para a formação de cáries dentárias. Portanto, antes de se deitar devem lavar-se os dentes e, se depois houver necessidade de beber, que seja água e nunca uma bebida açucarada.
As crianças que não tomam o pequeno-almoço têm mais cáries dentárias – a explicação é evidente: se não tomam o pequeno-almoço têm fome durante a manhã e são levados, mais que as outras crianças, a petiscar… habitualmente alimentos que se colam fortemente aos dentes e que ficam mais tempo na boca. O ideal para favorecer o aparecimento das cáries!
Em caso de apetite súbito é preferível deixar-se tentar por um caramelo do que por um bolo seco ou um aperitivo salgado – os bolos secos e os frutos secos estão carregados de amido, um glúcido que adere fortemente aos dentes. O caramelo também contém açúcar, mas que se dissolve mais rapidamente na boca. Assim, deste ponto de vista, os aperitivos e os bolos secos são mais geradores de cáries do que os caramelos.
Em conclusão, é preciso saber que existem alimentos que são mais benéficos para os nossos dentes e que há outros que o são menos. Mas que não seja por isso que devam ser eliminados da nossa dieta. Pelo contrário! A regra a seguir é aumentar ao máximo a sua diversidade e limitar os excessos, com a ideia e o saber de que se podem, sempre, corrigir e rectficar os maus hábitos e adoptar outros, mais correctos.

NOTÍCIAS DA VELHA LISBOA POR DAMIÃO DE GÓIS


Damião de Góis foi guarda-mor do arquivo real português. Tendo falecido no dia 30 de Janeiro de 1574, foi sepultado na capela da Igreja da Vila de Alenquer.
O arquivo que Damião de Góis “supervisionava encontrava-se barricado dentro de uma torre no castelo de São Jorge, no alto de uma colina de Lisboa, local que foi romano, em seguida árabe e, depois, uma fortaleza da coroa portuguesa, apesar de então já ter sido em grande parte abandonado pela corte, pois a família real preferia viver no mais moderno palácio à beira-rio. Damião vivia a curta distância da Torre do Tombo – Torre dos Registos – numas casas que davam para a Casa do Espírito Santo, onde os habitantes do castelo assistiam às cerimónias religiosas da igreja”1. Alguns dos mais preciosos documentos lá guardados eram mais antigos do que o próprio país e respeitavam à sua fundação em 1139.
O edifício sucumbiu devido ao terramoto de 1755, mas a torre subsiste, embora agora esteja vazia. Em tempos foi o local de “armazenagem da memória de Portugal, uma câmara obscurecida onde eram mantidos todos os segredos do reino”.
A presença portuguesa fez-sentir por todo o sul da Ásia, as costas de África, Macau, Sião, Malaca, Bengala, Coromandel, Guzarate, Pérsia, Ormuz, Etópia, costa suali, ilha de São Lourenço (Madagáscar), Moçambique, Cabo, Benim Magrebe, Cabo Verde, Canárias, Madeira e Açores. Portugal foi durante grande parte do século XVI a principal ligação entre a Europa e a maior parte do mundo.
“Lisboa e o seu amplo estuário sempre haviam sido um ponto intermédio ideal onde o Norte e o Sul podiam conviver, um local conveniente para os navios se encontrarem, entre os grandes mercados da Europa do Norte, onde a Inglaterra e a Alemanha se abasteciam nos portos de Antuérpia e Amesterdão, e os grandes mercados do Mediterrâneo, onde mercadorias que vinham de Alexandria e de Istambul passavam por Veneza e Génova”. Este mercado continental passava pela Alfândega Nova de Lisboa e encaminhava-se para a praça onde os produtos locais se misturavam com as importações. Todos os dias enchiam a praça: pasteleiros, vendedores de fruta, talhantes, padeiros, doceiros e tecelões. Porém, os principais eram os peixeiros, cujo negócio era tão grande que tinham de alugar um cesto para poderem vender, pagando 200 ducados por ano.
O maior dos reis, D. Manuel, era escarnecido como rei merceeiro “pelos desdenhosos reis do Norte”, mas a vergonha era possivelmente atenuada pelos extraordinários lucros. Começando pela África ocidental, cujos produtos eram recebidos na casa da Mina, Damião de Góis indicou ouro, algodão e ébano, peles de vaca e de cabra, arroz e “grãos do paraíso” ou malagueta. Do Brasil vinha o melhor açúcar e o pau brasil. Da Índia e da China vinham seda, gengibre, noz-moscada, cânfora, canela, tamarindo, ruibarbo e “mirobólano” (abrunho). As casas da cidade estavam revestidas com madeira da Sarmácia, do mar Negro, e das Américas, via Sevilha, chegavam pérolas e cascas de guayacán. Damião de Góis inclui também mantos e toucados feitos de penas de pássaro pelas gentes do Brasil e das Canárias, panos de fibra de palmeira, recipientes de ouro e prata feitos na Índia e na China, bem como porcelana chinesa, panos de cascas de árvore provenientes do Congo, que mal se distinguiam da seda. O comércio da pimenta, reservado ao rei, atingia duas mil toneladas por ano, que rendiam mais de um milhão de ducados.

1 V. A Torre dos Segredos, de Edward Wilson-Lee